quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Ilha - Parte VII

A prancha de prata deslizava na areia com uma grande rapidez até que Albert e Selene já estivessem bem perto do aglomerado verde e azul que viram de cima da duna. Quando finalmente escorregaram para dentro da floresta, a velocidade já se perdia, mas ainda era suficiente para levantar muita areia. Mesmo na floresta, o solo era de areia e prata e a maioria das árvores eram altas e cobriam quase toda a luz do sol que poderia chegar ao chão de areia fria.

Eles pararam batendo numa árvore qualquer, fazendo com que cada um caísse para um lado. Selene ralou quase toda a lateral do braço e quase torceu o pescoço, enquanto Albert caiu sobre o cotovelo, ralando parte do queixo e da pela inércia. O ferimento dela ardeu muito pelo baque, ao que ela gemeu alto.

- Tudo bem com você? - perguntou Albert se levantando devagar.

Selene se levantou devagar com a ajuda do velho, até que viu algo se mexendo atrás dele.

- Ey, Al... - disse ela apoiando-se nele.
- Sim? - respondeu ele sorrindo.
- O-o que é aquilo? Um crocodilo? - disse tremendo.
- Pior. Um dragão de komodo. - respondeu ele, puxando-a para correr. Era de fato um dragão de komodo, mas não um dos normais de dois ou três metros. Este tinha cinco. - Suba, suba! - disse ele apontando para uma árvore próxima.

O animal emitiu um silvo alto e apressou-se para sua mais nova presa: Selene. Ele olhava o tempo todo para ela com seus grandes olhos amarelos e pupilas reptilianas.

- Por que ele está olhando pra mim, Al? - disse ela correndo com certa dificuldade.
- Dragões de komodo comem basicamente carniça. - ("Tá chamando quem de carniça?", pensou ela) - São capazes se sentir o cheiro de um animal morto ou morrendo a mais ou menos dez kilometros. Você está com cheiro de sangue e para o nosso azar dragões são carnívoros! - o lagarto quase alcançava-os, e então soprou uma rajada de fogo e correu mais depressa. - Mais isso é novo!

Ambos escalaram a árvore mais próxima, Selene sendo empurrada à frente, e Albert atrás, quase sendo pego. O lagarto arranhava furiosamente a árvore com suas garras afiadas, não conseguindo subir apenas por seu peso, embora eles fossem a coisa mais parecida com o mais belo e farto almoço que o réptil provavelmente já vira naquele deserto.

Quando eles finalmente pareciam seguros naquela árvore, ela começou a balançar fortemente. O lagarto insvestia furiosamente contra ela, tentando derrubá-la para fazer seu almoço descer.

[Soundtrack: "Come Back" - Redlight King]

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A Ilha - [Os Buracos Azuis, Blue Holes]


Buracos Azuis são cavernas verticais formadas na idade do gelo, tendo centenas de metros de profundidade. A água em um buraco azul é estacionária e altamente estratificada. Uma lâmina de água doce, da chuva, flutua sobre a densa água salgada e a isola do oxigênio atmosférico.

A Ilha - Parte VI

Eles correram a noite toda naquela ilha de areia aparentemente estéril, Albert puxava-a constantemente dizendo "Vamos, vamos! Estamos quase lá!". Ele subia uma enorme e vertical duna de areia com uma disposição inacreditável, parecia um garoto de 7 ou 8 anos escalando aquela montanha de barras de ferro que provavelmente já existira num mundo anterior a este. Seu ferimento já havia melhorado um pouco, mas Selene ainda sentia certa dificuldade em subir (quase escalar) a duna atrás de Albert.

O sol estava nascendo e ela finalmente deu os dois últimos passos para alcançar um Albert que parecia apreciar um quadro do qual estava orgulhoso de ter pintado. Ele estava certo, a paisagem era mesmo incrível. Ambos, no alto da duna de areia mais alta que já viram, vislumbravam uma intensa paisagem verde que brilhava em meio à areia alaranjada do amanhecer, mas no meio de tanto verde havia algo muito mais impressionante: um enorme lago azul, perfeitamente circular.

- Interessante, não? - disse Albert - Ele deve ter uns dois ou dois e meio kilometros de largura!

Ela pensou no que responder, mas ainda estava boquiaberta pela paisagem, observava cada detalhe que podia. As cores da paisagem mudavam à medida que o sol nascia, algumas clareando, outras escurecendo.

- Vamos, precisamos de um lugar pra ficar. - disse Albert.

Selene concordou e olhou para baixo. Era um paredão de areia.

- Hmmm, Al?
- Sim, meu bem? - respondeu ele com um sorriso.
- Como vamos descer?

Então ele remexeu em sua mochila tirando algumas cordas e algo que brilhava muito. O que Albert amarrava com as cordas era uma enorme placa de prata.

- Grossa o suficiente para aguentar nós dois... Fina o suficiente para deslizar! Que tal um pouco de aventura, meu bem? - disse ele com uma piscadela.

Ela sorriu e sentou-se na frente por uma questão de equilíbrio. Tinha medo de altura, mas agora isso não era importante. Selene firmava bem as rédeas da placa em suas mãos enquanto Albert pegou impulso e pulou atrás dela de modo que a placa descolou do chão por um instante, e logo retomou seu caminho, indo tão veloz quanto o vento.

- Uhuuuul! - disse Albert com ar de jovialidade enquanto ambos desciam a duna vertical a vários kilometros por hora.

[Soundtrack: "Somewhere Only We Know" - Keane e "Comin' To The Rescue" - Pokemon xD]
*imaginem eles descendo a duna com a segunda música xD

sábado, 17 de setembro de 2011

A Ilha - por 'kkart, Deviantart

A Ilha - Parte V

O dia foi longo com a alta temperatura de uma ilha desértica. Ambos dormiram a maior parte do tempo até que a temperatura baixasse um pouco.

- Vamos, temos que ir. - disse Albert.

Selene apoiou-se nas paredes para levantar-se.

- Para onde vamos? Não tem nada aqui... - perguntou ela. Ele não deu uma resposta direta, apenas resmungou "Será mesmo que não tem?", e começou a pegar suas coisas.

Era a primeira vez que ambos saíam daquela caverna de prata. A paisagem já não era mais tão cegante aos olhos e a areia refletia o brilho alaranjado do sol que se punha no horizonte.

- É lindo. - disse ela.
- É. É mesmo muito bonito - respondeu ele tomando a frente no caminho que seguiriam.

Selene cambaleava atrás dele, apoiando-se num tipo de cajado que Albert improvisara com coisas de sua mochila. Precisavam encontrar água logo, ou seria complicado sobreviver. Ela nada sabia da vida do deserto, sempre vivera nos vastos vales e nas belas praias de Floratta. Mesmo em suas grandes extensões de areia, havia água e a termperatura era amena e agradável com brisas frescas onde quer que se fosse.

Era também a primeira vez que ela via uma ilha de prata. Nunca nem ouvira falar de tal coisa. Era como um sonho, já que ela amava tudo o que fosse prateado, apesar da morbidez de estarem presos ali. Agora a ilha interia era de um intenso laranja brilhante, como se o pôr-do-sol houvesse engolido tudo que existisse. Fosse o que fosse, aquela ilha seria um belo lugar para morrer, caso não conseguissem sobreviver.

A garota e o velho andaram provavelmente por horas, deixando pegadas fundas na areia de prata que agora havia se tornado um intenso vermelho escuro. Os ferimentos de Selene doíam pela caminhada quando Albert finalmente resolveu parar um pouco. Ele deitou-se na areia, usando sua mochila como um travesseiro e Selene fez o mesmo. Eles então olharam para o céu que era límpido como o de todo deserto, e as estrelas pareciam brilhar mais à medida que o sol já desaparecia.

Ela finalmente pareceu começar a relaxar quando notou que Albert fazia gestos estranhos em direção às estrelas, suas mãos giravam fazendo círculos curtos, como se quisesse pegá-las. Ele falava baixinho consigo mesmo, ainda gesticulando para as estrelas quando, de repente, levantou-se num pulo e disse:

- Sei para onde temos que ir! - ele puxou o braço de Selene e correu numa direção que parecia ser aleatória. Ela acompanhou-o com dificuldade, pensando depois se realmente teria visto os olhos de Albert brilharem.

[Soundtrack: "All You Want" - Dido]

domingo, 11 de setembro de 2011

Minha ideia de Selene - por Exemi no Deviantart



Selene ^^

Minha idéia de Sir Albert - por chiosxe, no Deviantart



Sir Albert, people! ^^

A Ilha - Parte IV

Selene andava devagar por causa de seu ferimento, volta e meia apoiando-se em Albert por causa da dor. Ambos já caminhavam há algum tempo na ilha que parecia apenas uma enorme extensão de areias sem vida. Então ela cambaleou um pouco numa parte mais funda de areia.

- Ey, Al? Onde vamos ficar? - perguntou ela, vendo que a paisagem não mudava.
- Mais um pouco, meu bem, mais um pouco... - disse ele de forma neutra.

Olhando-se melhor, alguns metros adiante, haviam pequenas elevações crispadas que lembravam muito o topo de montanhas com gelo eterno. A paisagem prateada e brilhante exibia o que pareciam pequenas cavernas do que parecia ser areia sólida.

- Isso é realmente feito de areia? Como é possível que não desmorone? - perguntou ela andando devagar para aquela paisagem curiosa.
- Ainda não tenho certeza... Vamos entrar naquela alí. - disse ele apontando para a maior das pequenas cavernas crispadas.

As paredes da caverna pareciam bem firmes e seu interior também era inteiramente prateado. Em outras circunstâncias poderia ser uma paisagem muito linda, se eles não estivessem numa enorme ilha não-mapeada em que aparentemente não havia nada para se comer. Em toda sua caminha não viram uma única planta ou animal que pudesse servir de alimento.

Albert ajudou Selene a sentar-se num canto perto da entrada da caverna e pegou alguns panos encharcados de sua mochila. Depois separou mais dois recipientes e jogou os panos sobre eles, sussurando algumas palavras estranhas e apos alguns instantes os panos estavam secos, e num recipiente havia água pura e límpida enquanto o outro estava cheio de sal. Selene observava o feito maravilhada. Sir Albert havia lhe ensinado algumas coisas, é claro, mas era muito dificil separar sais e água de forma perfeita por magia, era preciso muito treino para isso.

Como os panos secos, o velho começou a improvisar duas camas para que as coisas ficassem minimamente mais confortáveis dentro daquela estranha caverna. Selene tomou um gole ou dois da água separada por magia. Tão límpida e refrescante quanto parecia. Ela observou o conselheiro tirar mais algumas coisas de sua mochila, coisas de seu laboratório.

- O que vai fazer, Al?
- Não creio que isto seja areia...

E não era. Após algumas experiências, ele concluiu que não só as cavernas, mas a paisagem em si era feita de irídio, ósmio e platina. Uma das especialidades de Albert era geoarqueologia, mas em toda sua história de estudo nunca vira nada parecido com uma ilha interia à base de platina. Era evidente que ainda haviam muitos lugares vazios nos mapas...

[Soundtrack: "These Eyes" - Camouflage]

A Ilha - Parte III [Fator Fantasma]

Há muito, muito tempo, antes das guerras, antes que o mundo voltasse a ser mundo, havia uma lenda. Parte daqueles que andavam sobre a terra eram os chamados "erhantes", os que possuíam o fator fantasma. Ninguém nunca definiu com precisão o que isto seria, mas da lenda se infere que sejam coisas como habilidades que certas pessoas possuem.

O fator fantasma passava muito tempo dormente dentro do corpo, até que ocorra aquele momento, o terrível instante em que vemos nossa vida desmoronar completamente diante de nossos olhos. E então o fator fantasma finalmente se manifesta. Alguns diziam que as habilidades eram aleatórias, outros diziam que elas se desenvolviam a partir de uma particularidade específica da personalidade de cada pessoa. Mas a verdade é que ninguém sabia ao certo.


Sabe-se lá quanto tempo depois Selene e Albert acordaram em uma ilha qualquer, com parte de seus corpos entrerrados pela areia trazida pela maré. Ela foi a primeira a acordar, sentindo o gosto da areia em sua boca. Tossiu algumas vezes e ajudou o velho a se levantar.

- Tudo bem, Al? - perguntou ela segurando-o por um braço.
- Tudo sim, meu bem - respondeu ele esboçando um meio sorriso.

Ambos olharam em volta por um segundo.

- Onde estamos?

Nesse instante, uma rajada de vento passou por eles levantando um pouco de areia e o olhar de Albert tornou-se sombrio, permanecendo em silencio, sem responder a pergunta. De repente tudo pareceu estar um mais escuro do que o normal, embora não houvesse nuvens no céu.

- Vamos, - disse ele - temos que procurar algum lugar para ficar...

Albert limpou parte da areia de sua roupa com as mãos e seguiu ilha adentro com Selene atrás de si.

[Soundtrack: "Perfect" - Camouflage]

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A Ilha - Parte II [Capítulo Paralelo]

Selene e Albert passaram muitas noites no porão do navio, confinados na umidade e no crescente cheiro de algas apodrecendo. Era verdade que a princesa se sentia muito solitária alí, mesmo com a presença do Conselheiro na cela ao lado da sua, mas na verdade ela possuía mais um visitante além do irritante soldado que roubara seu soutien.

Tess visitava-os todas as noites, e em algumas delas eram várias idas e vindas. O soldado chegava discretamente com passos macios num tablado que não rangia e se encostava numa coluna qualquer apenas para observá-la dormindo. É verdade que sempre certificava-se de ambos estivessem dormindo, mas isso não era bem verdade. Albert sabia, mas nunca se revelou a respeito, apenas via, com os olhos quase fechados o jovem contemplar Selene em sua cela.

Muitas vezes ele parecia ter uma expressão neutra, e olhar quase que de relance, mas em outras colava-se rente às grades, na intenção de chegar perto de quase tocá-la por alguns centímetros, mas sempre recuava como se mudasse de idéia. Albert se perguntava a quem ele seria leal. Geralmente Tess disfarçava muito bem quaisquer que fossem seus conflitos internos, mas quando ele tinha certeza, uma certeza quase absoluta em que poderia apostar sua alma que ninguém o perceberia alí, seu rosto tornava-se magoado e triste, e tentava cada vez mais alcançar Selene em qualquer parte que fosse.

Ele parecia sentir falta da sensação do toque de sua pele, do perfume imutável de rosas que ela emanava, dos cachos dos cabelos macios, da boca doce e dos olhos intensos e profundos que ela tinha. Eles eram como o mar. A saudade dele era marcada em todo gesto do jovem, desde o leve descer das escadas até a tentativa, quase desesperada, de poder alcançar e tocar um milímetro da pele dela outra vez...

Era confuso para Albert que alguém tão controlado às vistas dos outros pudesse demonstrar tanta saudade e necessidade de estar junto de uma certa pessoa quando pensava encontrar-se sem vigilância dos olhos da sociedade. Era triste ver como a demonstração de afeto não existia mais numa situação normal, não se tinham mais os toques gentis ou as declarações de carinho e amor que haviam antes. O que significaria uma visão como aquela que Albert tinha toda noite? A princesa dormindo, exausta, ressentida, cansada de lutar e esperar, e o bravo soldado que durante o dia nada demonstrava, mas que a cada momento de suposta solidão social anciava pelo toque doce da pele de sua amada, por qualquer palavra e esperança vindas dela, mas que sempre ficava a alguns centimetros de se alcançar...

[Soundtrack: "I Miss You" - Blink 182]