Então é isso, pensou Selene, vamos morrer nesse maldito navio... Ela estava magoada. Profundamente. Mas, de certo modo, estava bem porque, curiosamente, não tinha medo de morrer (estava preparada para isso). Selene sabia do fundo do coração que morreria pelas pessoas que amava a qualquer hora... (o que também era um pouco decepcionante, porque também morreria por seu povo se precisasse, só não achava que seria dessa forma...).
Abriu-se a sela, e Selene e Albert foram escoltados até a parte de cima do navio. Os soldados, como sempre, eram rudes, empurravam e apertavam demais seus braços. Ao subir as escadas a luz de fora os cegou quase imediatamente, fazendo-os fechar os olhos em reflexo e os soldados riram.
- É... vocês estão aqui em baixo já faz um bom tempo... - disse um deles.
O sol brilhava forte e não havia nuvens no céu. E era engraçado como, apesar de tudo, era um lindo dia. Selene ficou contente por seu último dia ser assim.
Quando chegaram à "superfície", viram soldados e marinheiros enfileirados, todos rijos e solenes em sua postura, mesmo os que cochichavam maldades entre si. Um pouco a diante encontrava-se o vice-rei, observando todos de um patamar acima com seus olhos enrijecidos e militares. Foi nesse instante que Selene soube que ele não voltaria atrás e então tudo pareceu silenciar por vários minutos.
- Prisioneiros, chegou a hora do seu terrível destino... - disse o vice-rei adiantando-se alguns passos à frente para que todos pudessem ouví-lo. - O assassinato do rei - disse ele, e alguns se curvaram em reverência - é considerado traição pelas leis desde país, e deve ser punida com morte por afogamento.
- E você não vai nem tentar? - disse Selene, quase se soltando do soldado.
- Tentar o quê? - respondeu ele levantando uma sobrancelha.
- Acreditar em mim.
O comentário foi seguido por risadas.
- Qual é, princesa, todo o mundo te viu lá na varanda... O que você ainda tá tentando disfarçar? - disse um dos marinheiros num sotaque grosseiro e, de repente, o dia pareceu mais sombrio (até agora).
Depois de um breve momento de silêncio geral, o vice-rei finalmente apontou ao acaso para um soldado e disse:
- Você. - e todos olharam para ele - Leve-os para a prancha.
O soldado olhou os próprios sapatos por um instante.
- Sim, senhor. - e sacou sua espada não mais rápido do que Albert sacara a dele.
- Não vai encostar um dedo nela, cavalheiro... - disse Albert num tom baixo e ameaçador, mas Tess não abaixou sua espada.
[Soundtrack: "Unfinished Business" - White Lies]


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