domingo, 26 de junho de 2011

Doloroso Adeus - Parte I

Selene chegou no exato instante em que o rei caía da sacada do castelo, ao mesmo tempo em que sua cópia desaparecia no ar com um sorriso infernal nos lábios finos. A cena pareceu durar para sempre, como se o velho caísse em câmera lenta e não havia nada que ela pudesse fazer. Debruçou-se numa tentativa vã de alcançá-lo, perdendo-o de seus dedos por poucos milímetros, ainda podendo ver de relance o brilho da faca em seu peito, além do último brilho de seus olhos desaparecendo em milésimos de segundo.

Todos que jantavam no jardim ouviram o baque que o corpo fez ao cair no chão. Uma coroa de sangue se fez em volta do crânio trincado pela queda, enquanto outros ossos haviam quebrado de maneira bizarra deixando fraturas expostas e fazendo com que a carne parecesse mole ou repuxada demais. A espada estava bem fincada em seu peito, o qual também brilhava de um sangue negro e ainda morno de quem acabara de ser morto. O mais curioso foi a expressão no rosto do rei quando as pessoas em volta foram tentar socorrê-lo: era a expressão de alguém que parecia ter visto um demônio antes de morrer.

Os vários convidados daquele jantar de união política de Floratta e Falcon se amontoavam em volta do rei, todos curiosos. Até que um deles olhou para cima.

- Olhem, na sacada! Ela empurrou o rei! - Era um sujeito encapuzado que apontava, ao qual ninguém realmente deu atenção, já que esta se voltou inteiramente para Selene, que ainda permanecia em choque na sacada do castelo.

Olhando mais atentamente, naqueles segundos que pareciam ser eternos, ela reconheceu o rei de Falcon dentro do capuz negro. Seu sorriso não poderia ser mais típico, o eterno sorriso esnobe e hediondo, como se pudesse conseguir qualquer coisa no mundo. Mas naquele momento ele realmente conseguiu. Em poucos segundos toda a estabilidade política e governamental de Floratta se desfizera.

No instante seguinte, os soldados do reino já haviam entrado no castelo para prendê-la, mas ela, recobrando a consciência do havia ocorrido, correu o mais longe que pôde, a tempo de conseguir escapar deles. Selene correu sem olhar para trás, primeiramente a esmo, e em seguida para a casa de Sir Albert, o conselheiro do rei.

Se havia uma pessoa naquele mundo que podia ajudá-la, esse alguém era Sir Albert. Além de conselheiro do rei, ele havia sido seu professor em muitas das coisas que ela precisava aprender tanto para levar o reinado adiante, assim como sobre coisas que ela precisava entender sobre a própria vida. A pesar da enorme diferença idade (ela tinha pouco mais de 20 anos, e ele, provavelmente, estaria lá pelos seus 70 ou 80 anos), eram grandes amigos e ele sempre fora uma espécie de tutor para ela.

Quando chegou à porta de sua casa, Albert já a esperava ao lado da porta.

- Como você...?
- Não dá tempo de explicar, meu bem, entre.... - disse conduzindo-a para dentro de casa - temos que sair daqui.

Então Albert pegou uma mochila, e pôs nela todo o tipo de coisa de sua casa que Selene nunca havia visto. Ele corria pelos aposentos com a garota atrás de si, pegando vários objetos estranhos, que mesmo acumulados em sua mochila, ainda não ocupavam tanto espaço. Durante a corrida pela casa, Selene reconheceu certos objetos seus, coisas de valor sentimental que deixara na casa de Albert em ocasiões anteriores de aprendizado e conversa.

- Pegue somente o essencial! - disse ele no quarto ao lado. - Temos que nos apressar!

Ela também pegou uma mochila, e começou a pegar todo o tipo que coisa que considerava importante ou que poderia lhe vir a ser útil. No momento seguinte, ela viu Albert entrar em algum tipo de invento estranho, no qual entrou também. Jogou a mochila em seu colo, vendo a casa-fortaleza de Albert se trancar sozinha, enquanto eles se afastavam, provavelmente para nunca mais voltar.

[Soundtrack: "Beautiful Monster" - Ne-Yo e "This is Not America" - David Bowie]

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