Após o Baile de Nomeação, Selene e Tess passaram a se ver com alguma frequência. Os primeiros beijos ainda foram meio tímidos, mas eles logo se acostumaram com isso. Encontravam-se todo o dia naquele belo Lago em que se conheceram de forma inusitada, riam e conversavam muitas vezes até o final da tarde, chegando até a esquecer do tempo e do resto do mundo...
De vez enquanto ele trazia rosas, o que era raro de se ver em Floratta, mas não pelas flores. Em Floratta o tempo era regido por eternas primaveras e outonos sem fim, e uma temperatura sempre quente, o que significava que era provavelmente impossível encontrar rosas na região. Mas ele encontrava. Ou talvez sua mãe fosse uma contrabandista de flores, pensou Selene rindo-se pela idéia de um comercio ilegal de algo tão supérfluo. (Mas, apesar de tal idéia de certo modo ser ridícula, não se poderia ignorar o fato de que existe comércio ilegal de ervas na maioria dos Estados.)
Tudo parecia às mil maravilhas, mas os começos sempre parecem. Ele a acompanhava em passeios, encontrava-a nos fundos do castelo, lhe fazia companhia no Lago... Às vezes a companhia se torna um vício. Para Selene era muito bom finalmente ter alguém para conversar, alguém que não fosse do castelo, alguém que pudesse conhecê-la como pessoa, e não como Princesa. Títulos, títulos! Tão irritantes de se lembrar! Ainda que Tess tenha demorado algum tempo para perder o hábito de chamá-la de Vossa Graça em momentos que não havia ninguém em volta.
Ele doce, é claro. E ela não queria nem pensar em quando amava aquele sorriso, o olhar meio tímido nos olhos dourados, ou a forma como seu cabelo ondulado pendia levemente sobre seu rosto ligeiramente delicado de pele perfeita. De vez em quando via-o escrevendo, anotando alguma idéia de um projeto novo, e ela gostava de reparar como suas mãos firmes seguravam delicadamente a pena bem na ponta, quase rente aos pergaminhos que o jovem lia logo em seguida por trás dos óculos que usava de vez em quando.
Mas então, de repente, as atividades militares aumentaram por conta das guerras em Estados vizinhos. Floratta deveria se proteger de igual maneira, mas ainda sim foi uma surpresa para Selene, já que o Estado possuía boas relações exteriores e alianças com outros reinados próximos. "A guerra está chegando", diziam as pessoas num ímpeto de paranóia. E os passeios com seu amado começaram a ser a cada semana, depois a cada quinzena, depois a cada mês... Até que os meses se transformaram em "de vez em quando", e depois, como era costume da população dizer, "uma vez a cada nevasca".
Tess quase não a procurava mais, restando tal trabalho para Selene. Ele costumava enviá-la cartas de boa noite através de seu falcão treinado, cartas estas que ficavam a cada dia mais esparsas e curtas. Nas agora raras vezes que se viam, ele sempre tinha o pensamento longe, e suas atitudes já não poderiam ser chamadas te atenciosas... Ele agora começara a desenvolver atitudes rudes, quase grosseiras, principalmente no exercício de seu mais novo taleno: dizer que estava atrasado.
Até que chegou o dia em que Selene teria que ir para Falcon.
[Soundtrack: "Dead Skin" - Crossfade]
De vez enquanto ele trazia rosas, o que era raro de se ver em Floratta, mas não pelas flores. Em Floratta o tempo era regido por eternas primaveras e outonos sem fim, e uma temperatura sempre quente, o que significava que era provavelmente impossível encontrar rosas na região. Mas ele encontrava. Ou talvez sua mãe fosse uma contrabandista de flores, pensou Selene rindo-se pela idéia de um comercio ilegal de algo tão supérfluo. (Mas, apesar de tal idéia de certo modo ser ridícula, não se poderia ignorar o fato de que existe comércio ilegal de ervas na maioria dos Estados.)
Tudo parecia às mil maravilhas, mas os começos sempre parecem. Ele a acompanhava em passeios, encontrava-a nos fundos do castelo, lhe fazia companhia no Lago... Às vezes a companhia se torna um vício. Para Selene era muito bom finalmente ter alguém para conversar, alguém que não fosse do castelo, alguém que pudesse conhecê-la como pessoa, e não como Princesa. Títulos, títulos! Tão irritantes de se lembrar! Ainda que Tess tenha demorado algum tempo para perder o hábito de chamá-la de Vossa Graça em momentos que não havia ninguém em volta.
Ele doce, é claro. E ela não queria nem pensar em quando amava aquele sorriso, o olhar meio tímido nos olhos dourados, ou a forma como seu cabelo ondulado pendia levemente sobre seu rosto ligeiramente delicado de pele perfeita. De vez em quando via-o escrevendo, anotando alguma idéia de um projeto novo, e ela gostava de reparar como suas mãos firmes seguravam delicadamente a pena bem na ponta, quase rente aos pergaminhos que o jovem lia logo em seguida por trás dos óculos que usava de vez em quando.
Mas então, de repente, as atividades militares aumentaram por conta das guerras em Estados vizinhos. Floratta deveria se proteger de igual maneira, mas ainda sim foi uma surpresa para Selene, já que o Estado possuía boas relações exteriores e alianças com outros reinados próximos. "A guerra está chegando", diziam as pessoas num ímpeto de paranóia. E os passeios com seu amado começaram a ser a cada semana, depois a cada quinzena, depois a cada mês... Até que os meses se transformaram em "de vez em quando", e depois, como era costume da população dizer, "uma vez a cada nevasca".
Tess quase não a procurava mais, restando tal trabalho para Selene. Ele costumava enviá-la cartas de boa noite através de seu falcão treinado, cartas estas que ficavam a cada dia mais esparsas e curtas. Nas agora raras vezes que se viam, ele sempre tinha o pensamento longe, e suas atitudes já não poderiam ser chamadas te atenciosas... Ele agora começara a desenvolver atitudes rudes, quase grosseiras, principalmente no exercício de seu mais novo taleno: dizer que estava atrasado.
Até que chegou o dia em que Selene teria que ir para Falcon.
[Soundtrack: "Dead Skin" - Crossfade]
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