quinta-feira, 28 de julho de 2011

Doloroso Adeus - Parte V


Os aborrecimentos se estenderam por mais alguns dias, até que uma manhã Selene acordou em sua cela, e viu que Albert não estava mais lá. Um frio congelante passou por seu coração. Deus, o teriam matado antes de mim, sem nenhuma baderna que me fizesse acordar? Al certamente não iria em silêncio... Mas seus temores logo se desfizeram quando ela o viu sendo arrastado de volta para o porão do navio por aquele soldado doente. Albert apresentava diversos ferimentos razoavelmente leves em seu rosto e em outras partes do corto, onde suas roupas rasgaram-se e sujaram-se um pouco.

- Muita coragem sua tentar fugir, velhote... Mas para onde iria? - ele deu um risinho sonso - Aqui é só mar... Não tem nada por aqui em várias milhas... Queria que um de nós te matasse, antes que se afogasse depois de alguns dias em deriva?

Albert se mexeu um pouco nos braços do outro, tentando soltar-se.

- Tente fugir mais uma vez e talvez eu faça isso... Não acho que o Major se importaria muito... - disse ele jogando o homem mais velho dentro da cela como se expulsasse um bêbado de algum saloon.

Ele tropeçou três ou quatro vezes antes de quase bater de cara da parede da cela, enquanto a porta fechava atrás de si. O soldado saiu alegremente pela porta enquanto Selene correu até a parte mais próxima da cela de Albert.

- Você está bem? - perguntou ela preocupada.
- Vou ficar... - respondeu ele massageando o rosto e sentando-se num canto.

Selene ficou em silêncio por um instante, ainda agarrada às grades, parando um segundo para entender o que havia ocorrido.

- Por que não me disse que ia fugir? - perguntou ela um pouco magoada. Achava que, se houvesse qualquer plano, ele diria à ela.
- Não tentei fugir... Só achei que isto deveria ficar com você... - ele respondeu, esforçando-se para tirar algo de suas roupas. Era a espada de Selene, uma katana que ganhara quando ainda era bem nova para que treinasse luta de espadas. A katana fora herdada de gerações anteriores a se perder de vista, e jamais perderia o corte de sua lâmina.

O coração deSelene aqueceu-se por um instante e então pegou-a através das grades. Era linda e brilhante, mais leve e cortante do que qualquer outra espada em todo o reino. Os ferreiros de Floratta eram famosos por ter desenvolvido uma técnica única de forjar espadas no qual elas nunca perdem o corte, espadas que, é claro, pertenciam unicamente à Coroa e seu exército.

Naquela katana, a garota viu por um instante toda sua vida refletida em seu brilho prateado. Pensou como tudo ainda estava normal até alguns dias atrás. Pensou em sua família, nos amigos, em Tess.

- Ey, Al?
- Sim, meu bem?
- Você... - ela engoliu as palavras por um instante. Será que ela queria mesmo saber? - Você... por acaso viu o Tess lá em cima? - perguntou baixinho.

O olhar do velho tornou-se um pouco sombrio.

- Vi. - disse ele, tocando inconscientemente uma das cicatrizes. E o mundo de Selene parou por um segundo. Não pode ser..., pensou ela, Ele não machucaria Albert...

Ela apertava as grades cada vez mais forte, sem notar que o fazia, até os nós de suas mãos ficarem brancos. Como tudo podia estar tão errado assim? Mas seus pensamentos foram interrompidos por alguns soldados que vinham busca-los para que finalmente realizassem seus destinos terríveis.

- Está na hora.

[Soundtrack: "Til I Collapse" - Eminem]

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