terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Só você

Em algum lugar da Romênia uma sombra deslizava com rapidez por entre as árvores daquela floresta. Iris fugia da pessoa que mais amava, mas ele nem sabia. Andrew havia se tornado um hunter, e ela era um monstro agora, naturalmente que ele a caçaria. O objetivo dele, como o dos outros hunters, era caçar e matar aquilo que ameaçava a vida dos cidadãos. Aquele tipo de coisa que todos sabem o que é, mas ninguém tem a coragem mencionar.

A pele dela se cortava levemente com os galhos que esbarravam pelo caminho, mas os ferimentos se curavam em segundos. Ela ia rápida, mas ele a acompanhava bem, estava logo atrás dela. Eles se conheciam desde pequenos, e ela sempre havia gostado dele, mas nunca conseguiu lhe dizer. Então aquilo aconteceu. Seus pais foram mortos e Iris foi morar com seu novo mestre que não permitiu que ela visse seu amado novamente. Os galhos cortavam mais fundo agora, ele estava chegando perto.

Iris olhou para o céu, já ia amanhecer e ela não podia mais ali. Viu uma cabana abandonada ao longe e seguiu para lá com Andrew bem atrás dela.

- Renda-se, demônio! - gritou ele mais próximo, lançando estacas de madeira com uma atiradeira. Uma delas raspou no braço de Iris fazendo-a gritar com uma voz horripilante que arrepiaria o mais corajoso dos mortais.

Ela desviou-se de outra estaca, entrando na cabana. Andrew entrou em seguida, arrombando a porta.

- Fique longe de mim! - ela disse, cobrindo-se com a capa. Ele não deu importância e adiantou os passos para mais perto, ainda armado com a atiradeira quando notou que a criatura chorava. Um choro estranho, mas um choro. A arma vacilou em suas mãos enquanto ele continuava se aproximando.

Iris encolheu-se contra a parede, as mãos cobrindo o rosto. Quando sentiu que ele estava diante dela, gritou.

- Não, Andrew! Por favor...
- Iris? - perguntou ele trêmulo, largando a atiradeira ao chão. Deu um passo a frente e abraçou-a.

Os sentimentos, a saudade... O momento pareceu durar para sempre. Ela contou o que aconteceu e ele ouviu todas as palavras. Sentia que só queria protegê-la, e gostava dela por quem ela era. Ela sorriu nos braços dele.

- Só você pode me curar, e só você pode me machucar... Só você... - ela disse com voz chorosa.

Ele olhou-a nos olhos.

- Eu amo você - e abraçou-a ainda mais, fechando os olhos com força, esperando pela mordida que veio doce. Ela o mordia com delicadeza, amando-o de volta, curando-se. Apenas o sangue de um hunter pode curar um vampiro.

- Também te amo... - e beijou-o com ternura, sentindo-se mais feliz e humana do que nunca.

O casal fugiu da cidade. O destino não importava, só queriam estar juntos, longe dos olhares mesquinhos das pessoas. Talvez a graça estivesse justamente em não se escolher para onde ir, ou simplesmente na emoção da viagem. Mas é algo que apenas eles podem descobrir juntos.

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