Aquele dia era como todos os outros, menos para ela. Scarlet o achava completamente estranho e tranquilo. Neutro. Não que isso fosse ruim, é que era esquisito como naquele filme, como era mesmo o nome? Ah, sim, era "Eu Robô" quando a mocinha dizia "Alguma vez você já teve um dia normal?" e Will Smith responde "Já. Uma vez. Foi uma quinta-feira". É claro que existem dias calmos, mas nenhum outro deve ter sido tão calmo, pelo menos ela não se lembrava.
Ela estava na estrada, banco de trás, como sempre. Assistia os eternos campos verdes daquele caminho interminável onde a estrada e os fios telefônicos seguiam até onde a vista não alcançava. A velha sensação de se estar no meio do nada depois que se sai da cidade, um enorme caminho onde tudo o que se via por todos os lados eram árvores, mato, e, claro, os fios telefônicos. Até onde iriam? Quantos kilômetros de fio telefônico existem? Eram coisas que eventualmente uma ou outra pessoa devem se perguntar quando viajam. (Talvez fossem até o Maine).
Scarlet sempre pegava no sono nessas viagens de carro, mas nesta ela ficou bem acordada, observando a paisagem que, quanto mais era igual, mais era diferente. Até o céu que chovia torrencialmente sobre o carro se dividia ao meio. O lado esquerdo era feito de montanhas, nuvens negras e neblina que davam a aparência de já ter anoitecido. O direito, porém, era um absurdo oposto. As nuvens e o céu se misturavam numa mescla de branco, prateado e um laranja muito claro de um dia que parecia estar amanhecendo. E ao fundo, talvez o mais impressionante de tudo: a paisagem industrial de Cubatão. Toda a imponência de suas torres e usinas se tornando enormes sombras negras contra a luz alaranjada. A assustadora beleza da Revolução Industrial.
O efeito hipnótico do movimento da paisagem continuava até que não fosse mais possível ver aqueles enormes canos exalando furiosamente a fumaça da queima de produtos químicos. Agora a chuva dominava completamente o cenário, a neblina fazendo com que tudo se tornasse fantasmagórico. Carros surgiam e desapareciam de repente, e não era mais possível ver coisa alguma que estivesse além da grade da ponte. Era como se flutuasse. Todos os carros deslizavam horrivelmente no asfalto molhado, esperando aciosamente chegar inteiros ao seu destino. Felizmente, a entrada da cidade parecia escapar da chuva, espalhando uma deliciosa brisa quente e salgada. O céu estava azul quando ela chegou, mas a saudade veio junto. O amor e a falta também.
Ela estava na estrada, banco de trás, como sempre. Assistia os eternos campos verdes daquele caminho interminável onde a estrada e os fios telefônicos seguiam até onde a vista não alcançava. A velha sensação de se estar no meio do nada depois que se sai da cidade, um enorme caminho onde tudo o que se via por todos os lados eram árvores, mato, e, claro, os fios telefônicos. Até onde iriam? Quantos kilômetros de fio telefônico existem? Eram coisas que eventualmente uma ou outra pessoa devem se perguntar quando viajam. (Talvez fossem até o Maine).
Scarlet sempre pegava no sono nessas viagens de carro, mas nesta ela ficou bem acordada, observando a paisagem que, quanto mais era igual, mais era diferente. Até o céu que chovia torrencialmente sobre o carro se dividia ao meio. O lado esquerdo era feito de montanhas, nuvens negras e neblina que davam a aparência de já ter anoitecido. O direito, porém, era um absurdo oposto. As nuvens e o céu se misturavam numa mescla de branco, prateado e um laranja muito claro de um dia que parecia estar amanhecendo. E ao fundo, talvez o mais impressionante de tudo: a paisagem industrial de Cubatão. Toda a imponência de suas torres e usinas se tornando enormes sombras negras contra a luz alaranjada. A assustadora beleza da Revolução Industrial.
O efeito hipnótico do movimento da paisagem continuava até que não fosse mais possível ver aqueles enormes canos exalando furiosamente a fumaça da queima de produtos químicos. Agora a chuva dominava completamente o cenário, a neblina fazendo com que tudo se tornasse fantasmagórico. Carros surgiam e desapareciam de repente, e não era mais possível ver coisa alguma que estivesse além da grade da ponte. Era como se flutuasse. Todos os carros deslizavam horrivelmente no asfalto molhado, esperando aciosamente chegar inteiros ao seu destino. Felizmente, a entrada da cidade parecia escapar da chuva, espalhando uma deliciosa brisa quente e salgada. O céu estava azul quando ela chegou, mas a saudade veio junto. O amor e a falta também.
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Trilha sonora da escrita, como curiosidade:
Fall to Pieces - Velvet Revolver
Iris - Goo Goo Dolls
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