segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O motivo

Era uma vez eu na Liba XDDD

Num dia qualquer, eu estava na Liberdade, embora não me lembre o que eu procurava ou fazia. Na realidade, eu passeava. Já estou relativamente familiarizada com o lugar. Não. É um dos meus lugares favoritos de toda São Paulo.

O lugar me fascina, e seu nome é praticamente sinônimo de aleatório. Ao sair do metrô, a atmosfera é completamente diferente. Admiro muito a arquitetura do lugar, desde a fachada oriental do McDonnald's até as luminárias características nas ruas. Nas bancas, os jornais em línguas do outro lado do mundo ficavam lado a lado de seus semelhantes, como a Veja e a Times, enquanto mangás dividiam espaço com Maurício de Sousa. Os motoristas, sempre tranquilos, (lógico que sempre tem algum mais esquentadinho) não reclamavam do trânsito frequentemente parado por causa da enorme quantidade de pessoas que andam de um lado para o outro.

Na Sogo, não é muito diferente nem na quantidade de pessoas e nem a aleatoriedade das coisas. Na galeria na frente da famosa Ikesaki de cosméticos, se encontra postada entre restaurantes e mercadinhos, encontra-se uma variedade quase infinita de coisas diversas. O lugar de corredores estreitos, além de dois restaurantes, uma costureira pra cosplays, duas papelarias e uma lanchonete, tinha bolsas, blusas, jogos, CDs, DVDs, vários eletrônicos, pelúcias, tênis, espadas, e até truques de mágica, entre outras coisas espalhadas por todo canto. É sempre um lugar agradável de ir, mesmo sem um objetivo específico.

Eu olhava distraidamente algumas roupas, sem me decidir por nenhuma, então continuei meu passeio, olhando as vitrines onde pokémons e bonés do Mário (sim, aquele Mário do game) tinham seu lugar nas prateleiras junto com gatinhos de porcelana. Vindo de uma lojinha "zen", desviando a porta de vidro, e serpenteando pelo corredor, o perfume de incenso era bem agradável. Resolvi ir lá xeretar. =D

Me passou pela cabeça como era incrível a quantidade de objetos num lugar que mal devia ter 5m². Um grande balcão retangular que ocupava seu lugar no canto oeste, separava o estabelecimento em dois. Sobre a madeira, estavam organizados tarôs, essências diversas, incensos, espelhos, além de estátuas de dragões, deuses egípcios e Budas.

Artigos interessantes para uma curiosa como eu. De primeira, quem entra lá fica entorpecido pelo perfume de incenso, e só depois repara nas mandalas penduradas no teto. Várias. Cada qual com um símbolo diferente e cores exuberantes, choviam brilhantes sobre quem as olhasse. Reparando melhor nelas, vi um símbolo que me era velho conhecido de outros lugares, mas que nunca soube o que realmente significava.

- Oi, por favor - chamei uma das duas (duas!) atendentes que dividiam o pouco espaço do cubículo comigo - pode me dizer o que aquilo significa? - apontei pra mandala em questão.

Ela sorriu. A moça era poucos centímetros mais alta que eu, usava um vestido longo de tecido leve e uma trança loira no cabelo incrivelmente amarelo.

- É o Om.

Agradeci, e fui embora. Fiquei dias imaginando se ela tinha falado serio, ou se só queria zoar comigo que pouco sabia sobre todas aquelas coisas místicas. O_o'''
Om? Om? Depois descobri que sim, mas naquele momento a dita palavrinha me parecia ausente de significado em sua absoluta totalidade. Minha mente nao se lembrava de nenhuma palavra semelhante que tivesse um significado coerente. A verdade é que me parecia absurdo.
Algum tempo depois, meu pai veio falar comigo. Queria saber se não seria bom eu fazer yoga porque fazia bem, além de todo o blá-blá-blá que as pessoas dizem, embora seja verdade que faz bem. Porém, o mais interessante da coisa toda era vê-lo usar quase as mesmas palavras que eu usei para tentar convencê-lo a me dar um curso de yoga começo do ano. Ele não deixou porque na época ele achava que eu já tinha muitas atividades além do tradicional e eterno curso inglês que eu tranquei em Junho, mas isso eu discuto outra hora...
O modo como os pais são contraditórios nas próprias decisões (sempre) ás vezes também é assunto para ser discutido em outra oportunidade... XDDD Então ele me disse "Você não quer fazer ommmmmmm e meditar?". Eis que me veio o típico click mental e meus pensamentos pararam de flutuar. Lógico. Como não pensei nisso antes? Fui pesquisar mas sobre a palavrinha que me perseguia.
De acordo com o http://www.npd.ufes.br/Om.htm, "O mantra mais importante de todos é o Om. Diz-se que ele contém o conhecimento dos Vedas e é considerado o corpo sonoro do Absoluto. O Om é o som do infinito e a semente que 'fecunda' os outros mantras. O som é formado pelo ditongo das vogais a e u, e a nasalização, representada pela letra m. Por isso é que, às vezes, aparece grafado Aum. Estas três letras correspondem, segundo a Maitrí Upanishad, aos três estados de consciência: vigília, sono e sonho. 'Este Átman é o mantra eterno Om, os seus três sons, a, u e m, são os três primeiros estados de consciência, e estes três estados são os três sons' ". Lembrei também do que eu tinha ouvido falar em outros lugares: o Om era conhecido por ser "o primeiro som do universo". O primeiro som de quando udo teve seu início.
Na idéia de fazer um blog, a última definição de Om me foi perfeita para decidir o nome. A palavrinha e seu símbolo que me perseguiram por algum tempo, agora me resumiam mil coisas, porém entre tantos significados, eu só a entendo como uma única palavra que abrange muitas outras: começo. E esse é o motivo do nome Om para meu blog. Todo começo é uma nova oportunidade em cada manhã de cada dia, semana, mês ou ano, e não apenas no tempo que contamos, mas em cada momento de nossas vidas. Esse é o meu começo, o primeiro post que iniciará muitos outros, assim como o começo certo de cada chance de fazer todos os momentos valerem a pena.



Um comentário:

Anônimo disse...

"...os seus três sons, a, u e m, são os três primeiros estados de consciência..."

"...Om era conhecido por ser 'o primeiro som do universo'."

Interessante, muito interessante essa abordagem que virou tema de seu Blog. Eu jamais pensaria em fazer uma analogia dessas porém...

..isso me fez recordar uma passagem do livro "Universo Numa Casca de Nós", do físico Steven Hawking: "Para descobrir a essência de tudo, basta entender o 'verso' do Universo"

Mas essa conversa deixo para depois

Saudações Vermelhas!