O som de passos quebrou o silêncio que havia na clareira perto do lago. O passos eram tranquilos, sem pressa (não havia mais vontade neles), pareciam passear por ali. Selene permaneceu como estava horas antes, de pé, braços cruzados, de costas para a claridade enquanto o outro se aproximava calmamente.
- Oi, Selly. - disse ele.
- Oi. - respondeu ela em tom neutro.
Houve um momento de silêncio, momento em que desculpas deveriam ser ditas. Mas não foram.
- Onde você estava? - perguntou ela.
- Você sabe que eu estava trabalhando no laboratório. - respondeu ele em tom sério.
- Sozinho? - disse ela depois de respirar fundo, ainda sem se virar para ele.
- Não.
Mais um momento de silêncio.
- É ela outra vez? Aquela sem graça? - disse ela com desprezo.
- Não fale dela assim. É minha amiga.
- Mesmo? E eu sou o quê pra você? Só porque ela é uma cientista, você acha que só porque ela é inteligente, ela é melhor para te fazer companhia do que eu?
Mais um momento de silêncio.
A outra moça tinha a mesma altura de Selene, sua pele era muito branca, mas não bela e alva como a dos vampiros, e sim desbotada e levemente rosada como um tecido que fora vermelho há muito, muito tempo, e que a tinta se gastara pelo uso. Seu cabelo era de um loiro doente e fraco, algo que mais lembrava uma samambaia morta e terminava caindo em sua face de riso idiota e óculos arredondados e ridículos. Tudo isso também combinava perfeitamente com as roupas excessivamente compridas, sempre de um tom muito neutro de um bege enjoado ou um rosa claro, parecendo algum remédio ruim. No aspecto geral, ela era a garota mais absolutamente e irremediavelmente sem graça que Selene já havia visto. Ela era uma garota. Selene era uma mulher. E isso fazia toda a diferença.
- Talvez eu só seja tediosa pra você - embora eu ache muito difícil qualquer garota ser mais desinteressante do que sua "amiga"... - disse Selene de lado.
- Não é justo você falar dela assim. - respondeu ele, ainda sério.
- E por acaso é justo me deixar aqui te esperando por tanto tempo?
- Eu estava trabalhando!
- O que não me torna menos importante!
- Você é importante!
Ainda de costas, ela finalmente virou-se para ele e disse:
- Pare.
- Com o quê?
- Pare de mentir pra mim. Pare de dizer que sou importante. Pare de dizer que se importa.
- Não é mentira. - disse ele.
- Se fosse verdade, não era assim que você deveria me tratar. Eu faço tudo por você, valorizo nosso tempo juntos, faço o possível e o impossível para estar com você... Mas e você? O que faz? Nada. Nem me avisar avisa, e quando avisa é sempre uma desculpa esfarrapada, de que vai estar com alguma outra pessoa que obviamente é mais importante pra você.
- Obrigado por me fazer escolher! - respondeu ele em desprezo. Ela riu.
- Haha, o quê? Você acha que nunca vai precisar fazer escolhas na vida? Que sempre vai poder deixar sua namorada de lado? Que você pode (supostamente) amar uma mulher e deixá-la de lado sempre que tem vontade?
- Por que eu sempre tenho que escolher pra você? - respondeu ele com raiva.
- Porque você tem! A vida é assim! - disse ela se afastando. - (Porque você nunca me escolhe...?)
- O que você está fazendo? - perguntou ele, vendo-a seguir adiante.
- Já que você nunca me escolhe, estou escolhendo por você. Desisto. Contente? Desisto de você porque você desistiu de mim antes, me deixando sozinha. Sempre sozinha. Adeus, Tess. - disse ela friamente desaparecendo na névoa do lago.
[Soundtrack: "Kiss Me" - The Corrs]
- Oi, Selly. - disse ele.
- Oi. - respondeu ela em tom neutro.
Houve um momento de silêncio, momento em que desculpas deveriam ser ditas. Mas não foram.
- Onde você estava? - perguntou ela.
- Você sabe que eu estava trabalhando no laboratório. - respondeu ele em tom sério.
- Sozinho? - disse ela depois de respirar fundo, ainda sem se virar para ele.
- Não.
Mais um momento de silêncio.
- É ela outra vez? Aquela sem graça? - disse ela com desprezo.
- Não fale dela assim. É minha amiga.
- Mesmo? E eu sou o quê pra você? Só porque ela é uma cientista, você acha que só porque ela é inteligente, ela é melhor para te fazer companhia do que eu?
Mais um momento de silêncio.
A outra moça tinha a mesma altura de Selene, sua pele era muito branca, mas não bela e alva como a dos vampiros, e sim desbotada e levemente rosada como um tecido que fora vermelho há muito, muito tempo, e que a tinta se gastara pelo uso. Seu cabelo era de um loiro doente e fraco, algo que mais lembrava uma samambaia morta e terminava caindo em sua face de riso idiota e óculos arredondados e ridículos. Tudo isso também combinava perfeitamente com as roupas excessivamente compridas, sempre de um tom muito neutro de um bege enjoado ou um rosa claro, parecendo algum remédio ruim. No aspecto geral, ela era a garota mais absolutamente e irremediavelmente sem graça que Selene já havia visto. Ela era uma garota. Selene era uma mulher. E isso fazia toda a diferença.
- Talvez eu só seja tediosa pra você - embora eu ache muito difícil qualquer garota ser mais desinteressante do que sua "amiga"... - disse Selene de lado.
- Não é justo você falar dela assim. - respondeu ele, ainda sério.
- E por acaso é justo me deixar aqui te esperando por tanto tempo?
- Eu estava trabalhando!
- O que não me torna menos importante!
- Você é importante!
Ainda de costas, ela finalmente virou-se para ele e disse:
- Pare.
- Com o quê?
- Pare de mentir pra mim. Pare de dizer que sou importante. Pare de dizer que se importa.
- Não é mentira. - disse ele.
- Se fosse verdade, não era assim que você deveria me tratar. Eu faço tudo por você, valorizo nosso tempo juntos, faço o possível e o impossível para estar com você... Mas e você? O que faz? Nada. Nem me avisar avisa, e quando avisa é sempre uma desculpa esfarrapada, de que vai estar com alguma outra pessoa que obviamente é mais importante pra você.
- Obrigado por me fazer escolher! - respondeu ele em desprezo. Ela riu.
- Haha, o quê? Você acha que nunca vai precisar fazer escolhas na vida? Que sempre vai poder deixar sua namorada de lado? Que você pode (supostamente) amar uma mulher e deixá-la de lado sempre que tem vontade?
- Por que eu sempre tenho que escolher pra você? - respondeu ele com raiva.
- Porque você tem! A vida é assim! - disse ela se afastando. - (Porque você nunca me escolhe...?)
- O que você está fazendo? - perguntou ele, vendo-a seguir adiante.
- Já que você nunca me escolhe, estou escolhendo por você. Desisto. Contente? Desisto de você porque você desistiu de mim antes, me deixando sozinha. Sempre sozinha. Adeus, Tess. - disse ela friamente desaparecendo na névoa do lago.
[Soundtrack: "Kiss Me" - The Corrs]