quinta-feira, 21 de maio de 2009

Sempre

Ela estava deitada na cama, mas se lembrava perfeitamente de tudo. A madeira era marrom-claro com tons de amarelo e manchinhas pretas, e havia aquele cheiro de grama do jardim. Tudo era organizado, naturalmente. Muitos livros se acotovelavam prateleiras, livros grossos sobre todo tipo de assunto. Ela se perguntou se ele já lera todos, mas o sim lhe veio imendiamente sem que precisasse verbalizar sua pergunta. O lugar era simpático, as fotografias sorridentes, armário arrumado, mas roupa espalhada. Ela gostava. Era arrumado, sim, mas tinha seu toque de vida.
O banheiro em si já era mais característico a começar pela gilete na pia. E os perfumes masculinos espalhados na prateleira. Mas nenhum fazia diferença. Tudo tinha o perfume dele. Era agradável e doce. Ela sabia que era porque ele mesmo era assim. Talvez ela também fosse, mas não fazia diferença. Foi uma batalha, mas eles venceram. Ambos ganharam. Porque estavam juntos.
Ela virou-se na cama e sorriu. Riso leve. As lembranças lhe abraçavam. Quantas vezes ela esteve lá, e o mundo nem sabia. Mas estava tudo bem, com ele sempre estava tudo bem. Os beijos silenciavam qualquer dúvida que poderia existir. Mas ela discordaria, porque não havia nenhuma. Tudo finalmente parecia estar certo. Tudo no lugar, mas com seu toque de vida. Sorriu mais uma vez. Lembrou do jeito como ele sorria, de como é sincero, de como conforta. Aquele sorriso era só pra ela. Nenhuma palavra tinha sido dita, mas ela sabia. Ele nao sorria assim para mais ninguém, e ela sorria de volta. Se perdia do mundo e se encontrava naquele abraço. Macio. Quente. Seguro. Firme quando precisa ser firme. Gentil sempre que abraça. E ela lá ficou e dormiu. Na lembraça, no abraço, no dia seguinte. Sempre.